Quando se faz uma mala, põe-se lá muito mais do que roupas, sapatos ou objetos do quotidiano. Quando se faz uma mala, com as camisolas vão histórias, as histórias das nossas vidas, do que foi as nossas vidas.
Quando se faz uma mala, em cada par de meias vão sonhos com um futuro melhor, num sítio melhor, com uma vida melhor.
Quando se faz uma mala abraça-se o medo com a mesma força com que se dá um passo para a frente, para o futuro, para a vida.
Cerca de um milhão e meio de judeus fizeram as suas malas.
Quando se olha para um trilho de um comboio, olha-se para onde se vai para ser feliz.
Quando se olha para um trilho de um comboio, olha-se com os sonhos, não com os olhos.
Cerca de um milhão e meio de judeus embarcaram num comboio rumo a Auschwitz.
Em Auschwitz, da terra fez-se inferno. Dos sonhos fez-se pó. De humanos fez-se cinza.
As paredes que ficaram de pé, guardam gritos. Gritos pela vida. Gritos de vozes caladas por balas, pela fome, pelo frio e pelo Zylklon B. Gritos de inocência ceifados por gente sem humanidade.
Que se aprenda com a história. Porque a história é muito mais do que um par de frases escritas num livro. A história é feita de gritos. Que estes cerca de um milhão e meio de gritos sejam ouvidos.