sexta-feira, janeiro 10

Nós e a doença

Acho que é preciso ficar-se doente. Melhor, o nosso corpo devia estar pré-programado para que pelo menos uma vez na vida todos ficássemos extremamente doentes. Mesmo, quase a morrer. É caricato, fatalista e até chega, ironicamente, a roçar no mórbido,  sim,  mas faz sentido. É necessário… extremamente necessário, porque todos os dias entram, passam e saem pessoas na nossa vida e tudo é muito bonito e muito colorido, mas quando viras uma carcaça humana, ui!, foge logo tudo a sete pés… e ali ficas tu, pobre pedaço de pessoa doente e coitadinha, só e abandonada. 
É realmente caricato…
Quando não precisas delas, elas não param de te chatear (falam, falam, não dizem nada de jeito e não se calam), mas quando tu precisa que te chateiem, que simplesmente falem contigo sobre "coisas" que não lembram a ninguém, as sacanas têm sempre algo para fazer. Puff! Evaporam-se todos os seres humanozinhos que supostamente davam cor à tua vida… Mas que grande novela mexicana. Que lengalenga do diabo.
Por isso, acho que devíamos sentir a vida a escapar-nos para lhe dar-mos o devido valor. Logo nós que só damos valor às "coisas" e às pessoas quando já as perdemos... Gostamos tanto de contrariar que nos contrariamos a nós próprios e à nossa própria vida. Sendo assim e por muito que custe a admitir, nós precisamos de sentir a vida a fugir-nos para começarmos a correr a trás dela.
Bem sei que não se deve brincar com a doença e muito menos com o "faz de conta" da doença, mas o que nós merecemos é que ela brinque connosco... Talvez assim nos tornássemos pessoas diferentes. Talvez se tornassem em pessoas melhores e perdêssemos menos tempo de vida no tempo em que vivemos.

2 comentários:

Andreia Morais disse...

Acho que não precisamos de chegar a tanto, mas entendo onde queres chegar. E concordo inteiramente quando dizes que há muitas pessoas que só se aproximam quando precisam e quando estão servidas viram as costas.
Ninguém devia ter que aturar isso, as pessoas deviam aproximar-se das outras pelos motivos certos e não por mero interesse

Beijinhos*

Andreia Morais disse...

É mesmo :)

Sim, isso infelizmente é verdade. Parece que se «ganha» mais por só se dá valor quando perdemos ou estamos quase a perder as coisas ou as pessoas. É triste que assim seja, porque valor deve-se dar sempre, para não corrermos o risco de chegar a esse ponto.
Concordo, às vezes precisamos de levar um abanão para ver se abrimos os olhos e cometemos menos disparates

Beijinhos*