quinta-feira, maio 9

Sem resposta (2)

Ele nunca foi de muitas palavras. Era uma pessoa prática, mas isso nunca o impediu de lhe mostrar que a amava. Filomena não o ouvia todos os dias a dizer que a amava, mas também não era necessário. Pedro mostrava-lhe. Ele amava-a de um jeito simples, sem demasiados prefixos ou demasiados sufixos.
Por outro lado, Filomena era uma apaixonada pelas palavras. As palavras fervilhavam-lhe em todo o seu corpo, com a exceção das cordas vocais, onde se acanhavam e nunca saíam da maneira e com o tom que ela idealizara. Contudo, Pedro adorava esse pequenino defeito nela. Ele nem considerava um defeito, porque ao conhecê-la, percebeu que ela era muito mais do que as palavras que dizia ou escrevia, embora ele adorasse vê-la fazer ambos. Filomena preenchia as lacunas da vida dele. Ela não era perfeita, mas aquilo que era, era o suficiente. 

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