terça-feira, setembro 6

wild words

Não perguntes, não fales, não fales meu amor. Fecha as palavras na tua boca, tranca-as no teu pensamento, fá-las desvanecerem-se nas gotas da chuva que caem no rio bravo do teu desfiladeiro de agrestes montanhas do Atlas. 
Não digas, não penses amor, não penses. Já fingimos o suficiente. Já fomos levados pelo vento. Já dizimamos as feridas que rompiam nas mágoas das nossas almas no fogo provocado pela resistência dos nossos corações. Já tivemos o suficiente. Aquelas montanhas e vales já foram nossos. O aroma de perfumes de rosas e eucaliptos que eclodiam com as partículas leves do ar e que jorravam bem junto aos nossos narizes, fazendo-nos provar a essência doce e selvagem da virgindade daquele céu de deslumbres e mitos arcaicos ao nosso século. Já vivemos o suficiente.
Já te amei o suficiente, meu amor.

Melodia que brota como flor, sobressai do amargo e medroso findo Inverno de alma de mulher que escreve poemas de amor, enquanto as teclas do piano fluem com as palavras que ela sussurra desarmada a uma folha de papiro e a tinta cravando em desenho as ilusões no seu coração.

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