quarta-feira, setembro 14

Resposta ao amor

 I
Se ao menos pudesses tu saber sem um porquê necessário a sabê-lo,
Se pudesses saber só por isso mesmo - saber,
Pudesses fazê-lo de tão simples forma como a de sonhar,
Soubesses dos sonhos que caem em mim,
Conhecesses os sonhos como conheces a noite e as estrelas,
Compreendesses-os como fazes com a Lua e,
Eu seria inequívoca como a fatalidade que apraz a vida.

II
Faz as perguntas ao tempo,
Olha o Universo e vê o que nunca esteve lá,
Nunca esteve diante dos teus olhos mirantes de oceanos.
Vê na razão da razão o porquê de o ser,
Vê no berço o segredo deste mecanismo que me controla.
Encontra a solução para os meus defeitos e concerta-me.
Concerta as estrelas e o céu.
Concerta-os.
Concerta-me.

Pudesses tu apagar a tristeza do meu coração,
Soubesses tu trocar as peças que o fazem bater.
Se ao menos soubesses como parar este suicídio pausado que assola em mim,
Fazer-me livre deste eclipse louco.
Conseguisses tu realizar o destino.
Fosses tu capaz de me salvar de mim mesma e,
Libertar-me do meu coração.
Se ao menos pudesses aniquilar isto que sinto,
Se ao menos cumprisses os meus devaneios enternecidos na vida que sinto por ti.
Vida que vivo em ti.

III
Mata esta alma fundida há muito na tua.

Morre comigo,
Morre por mim.

Pudesses tu morrer de amor,
Pudesses tu agarrar nas mãos esta coisa que no meu peito bate,
Bate sincronizada e mecânica:
Esta máquina que alimenta uma esperança desmedida,
Gera loucura e vácuo,
Batendo apenas em falência do amor.
Mata-me.
Responde ao meu destino,
Faz-me ser levada pela noite,
Deixa-me ir com a escuridão,
Liberta-me do meu coração.

IV
Apaga a vela e desfaz-te do castiçal de ouro,
Desfaz-te da luz deste sonho jovial.
Espera pela Primavera de alma,
Espera pelo perfume de cem rosas vermelhas que brotam da terra dos sonhos,
Dos meus sonhos.

V
Se ao menos pudesses tu sentir a clareza dentro de mim,
Sentisses a felicidade,
Soubesses o dia que aflora no meu coração e,
Pudesses tu sentir o paraíso,
Como eu sinto.
Pudesses tu irradiar o ódio,
Pudesses tu aquecer o gelo em ti.
Pudesses tu...

VI
Precisas de ficar sentado a olhar as estrelas,
Mas pudesses tu olhá-las dentro de ti.
Pudesses tu responder ao meu amor,
Pudesse tu responder-lhe sem palavras.
Pudesses tu ouvir mais que os sons,
Pudesses tu ouvir o teu coração.

1 comentário:

Dessa disse...

pudesses tu ter noção do quão bem escreves...
está fantástico, MESMO! :')