sexta-feira, agosto 26

The man who was blind

Como um sopro deambulante que levita as folhas caídas,
Como o beijo selado pela movimentação frenética dos lábios e das línguas que explora os mil e um encantos e segredos do mistério da química do paixão!
A paixão!

Houve dias em que ela falou mais alto, falava sempre mais alto. Dominava-o com uma força de um exército de milhentos mouros, ela vencia-o até à sua mais ínfima gota de sangue, comandava-o como se ele fosse passível de domar. Ele era escravo, escravo de um sentimento que o prendia naquele sítio em que apenas havia um sentido, um único sentido que o fazia escravo no seu próprio coração.

Como o azul claro e limpo do céu que ilude os olhos frágeis de criança, 
Como a palavra que os amantes ternecidos de desejo sussurram a ouvidos errantes, sem propósito, sem sentido, sem verdade. 
É ilusão, tudo é ilusão. 
É mentira as folhas que deambulam na cidade, o beijo é falso, o céu não é azul nem claro nem escuro. 
É tudo preto. É tudo preto! 
Até a palavra sussurrada é falsa! É preta...

É mentira aos meus olhos cansados, olhos vazios, olhos escuros, olhos cegos, olhos que não vêem. 
Eu não consigo ver a paixão. Sou cego! Eu não vejo o céu azul. Sou cego! Tudo o que vejo é negro. Eu sinto, sinto com toda a paixão e azul que possam existir como sentido compreensível a um homem que não vê. Sou, apenas, homem escravo com coração vedado, o homem que não consegue ver.

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