terça-feira, agosto 9

Happyending

Eu consigo sentir-te a cair em pedaços,
Vejo-te no meio de uma rua opiosa sem direcção.
Tu continuas vivo, mas eu consigo sentir-te fraquejar.
Eu sei que estas a cair em pedaços,
Eu sinto-te a sangrar, mesmo quando tentas travar uma guerra contra a natureza gravitacional que te mantém os pés assentes em terra.
É-te penoso ser o que és e optas-te por fingir, tal como eu fiz quando mergulhei num orgulho indomável que me levou ao sítio onde te vi pela primeira vez.
Sabes, eu tenho o fatídico defeito de pensar demais...
Por vezes, torna-se árduo não viver nas ilusões.
É como viver uma vida paralela à realidade em que os sonhos se dissipam e desgastam na preguiça e cobardagem de um quotidiano banal.
Estou sentada neste vulgar sofá de veludo escuro e é como se estivesse numa cadeira dura na qual não há forma de encontrar a posição ideal..
Precisei de abrir uma porta para poder respirar e sentir o vento frio da madrugada, precisei que ele batesse na minha face e me embalasse em si, em toda a sua frieza e que me congelasse esta melancolia na qual fui envolta com a noite que trouxes-te para a minha vida.
Eu continuo aqui, mas não como estive, um dia para ti, para a tua vida.
Uma vez, uma única e sentida vez, eu tive o sonho de ser mais... 
Eu sonhei ser diferente, totalmente diferente.
Posso-te dizer que por instantes senti-me feliz, mas esses segundos esgotaram-se e, afinal não, eu não era feliz.
Sonhei mais que um mundo. 
Sonhei num exagero abrupto.
Sonhei demasiado.
Cheguei ao hipocentro da ilusão, no qual não me reconheci a mim própria naquele espelho vítreo e enganador.
É tão fácil convencer-me que o Sol não gira em torno da Terra, mas é tão difícil aceitar que todo o fundamento que me leva a escrever-te são apenas, sonhos ou, com maior exactidão, são ilusões.
Tento, por fim, e em busca do meu final feliz, dizer-te um adeus a tempo inteiro, desejando que ele dure para sempre, para todo o sempre tal como a verdade com que te escrevi estas palavras.

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