quarta-feira, agosto 3

Heartless

No chão coberto de cinzas, o meu coração arde no fogo que o consome sem piedade, sem hesitar, sem lhe dar uma oportunidade de primeiro deixar de bater, sem o deixar convencer-se que acabou, que tudo acabou.
Enquanto as cinzas levantam-se no ar  com o vento que entra pela janela aberta, o odor de combustão dissolve-se com a lembrança do perfume adormecido das tulipas que jazem na jarra branca.
 No parapeito da velha janela, estou eu, com o meu vestido branco sujo de um vermelho vivo e fluído que escorre pelo buraco do meu peito rasgado e sofrido, gemendo pela dor típica de quando nos magoam a alma e a arrancam da nossa carne, sem qualquer gentiliza ou pedido de permissão.

Meu amor, eu já não sinto mais dor. Aceitei que tu não precisas de mim, nem do meu coração.
Meu amor, eu também já não preciso do meu coração. Então, eu arranquei-o. Arranquei-o do meu peito, porque este amor que eu sinto não é para pessoas como tu e eu.

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