segunda-feira, junho 27

When you're gone

Posso dizer-te que te amei, amei da melhor forma que soube, a melhor forma que encontrei à deriva neste mar de matéria orgânica e ritmadas batidas de alma ao qual lhe chamamos coração. Tentei amar-te como se ama nos livros e nos filmes. Tentei fazer-te precisares de mim. Tentei cuidar de ambos como se fossemos só um. Tentei carregar toda a tua dor, todos os teus pesadelos e medos. Eu tentei, mas nunca foi o suficiente.
Tu disses-te, uma vez, que te importavas comigo, mas escondeste-o bem. Disses-te que nunca me magoarias e te manterias firme por mim. Prometes-te que olharias por mim e que ficavas comigo... mas tu desistis-te de lutar. Tu começas-te a desmoronar-te em pedaços quando ainda caíam as primeiras folhas de Outono  e eu não consegui manter-te imune ao vento que soprava no teu mar. 
Quando te foste, naquele dia de brumas chorosas, eu compreendi tudo o que tinhas falado. Entre o sufoco e desespero da minha alma agarrada a um corpo que já nada sentia, eu compreendi que tinhas ido para outro sítio, um sítio maior. Já me tinhas falado dele. Lembro-me de me teres escrito, numa das tuas cartas, sobre a beleza das nuvens brancas, grandes e leves de lá e, também, do aroma a rosas e alfazema da brisa que sopra e toca dócil nos nossos cabelos e acarinha as nossas faces. 
Mas eu não te deveria ter deixado ir... Eu deveria ter-te obrigado a lutar e a permaneceres junto a mim a amar-me como só tu sabias fazê-lo, mas eu sei - como poderias continuar a amar-me se já não te amavas a ti próprio?

1 comentário:

Anónimo disse...

adorei o teu blog, as tuas palavras, a música, está lindo :)
vou seguir, segue também o meu*