segunda-feira, agosto 30

MAGNIFICIÊNCIA


Eram tão verdes aquelas paisagens. Um verde que se apoderava dos meus olhos.
Os meus olhos fracassavam perante tal beleza. Era tudo tão belo, tão verde.
O brilho do Sol batia naquelas folhas, e tudo brilhava. Árvores majestosas e imponentes. Árvores... eram tantas árvores.
Amomtuados de montanhas fortes que reinavam a paisagem. Montanhas acidentadas e erodidas pelos ventos frios e chuvas do Inverno.
O rio que invadira a privacidade daquelas montanhas que o envolveram para si. Água que corria abruptamente, como que uma criança para os braços da sua mãe.
Pedras que se desvaneciam nos tons de cinzentos e castanhos, que por entre as suas formas se destacam aquelas que o meu cérebro reconhecia e marcava no seu historial e catálogo mineral.
Terra que era igual a qualquer outra terra, de um qualquer outro lugar. Bem, talvez diferisse na sua composição mineral, mas para mim era terra, só terra, simplesmente terra. Terra tão frágil que a podia arrancar do seu aglomerado só com um arranhão. Tão, ironicamente frágil, que suportava as mais inúmeras pedras e pedregulhos, a força e beleza das águas do rio, as imponentes montanhas, todas as árvores e plantas das mais banais e selvagens às mais raras e ditas protegidas pela Humanidade, suportava o verde.
Rara beleza e plenitude conjugada junta. Poderia dizer que formavam uma espécie de Deus, mas que percebo eu do que está tão acima de mim? Nada, não percebo nada. Não percebo nada de nada.
Voltei lá. Voltei ao mesmo sítio na esperança de descobrir aquela plenitude de novo. Queria tanto descobrir novos pormenores para o descrever. Mas já nada era igual.
O tempo passou. Eu cresci, o meu corpo mudou, a minha mentalidade começa a procurar respostas e a questionar, tal como o meu olhar procura mais, sempre mais. O tempo passou.
Tudo mudou, mudou drasticamente, tragicamente, horrivelmente, estupidamente, humanamente.
O que me lembro daquele lugar, já não existe. Contudo, a terra ainda lá permanece como penosamente sobrevivente mas, ela sozinha já não desperta os mesmos sentimentos em mim.
Só vejo terra queimada. Reinam as cinzas do que outrora fora um verdadeiro paraíso. Sinto a melâncolia e o terror.
Tudo foi atingido pelo fogo.
Tudo foi consumido pelo fogo.
Tudo morreu com o fogo.
Mas o fogo foi causado pelo Homem.

Seriam tão bom poder dizer que tudo isto não é verdade, que eu não sei do que falo. Era tão fácil de viver sabendo que foi a lei natural da vida a levar o paraíso que havia criado. Mas não, não a posso culpar a ela.

A culpa é de um ser tão extraordinariamente superior a todos os outros, um ser que tem a capacidade de racicionar, de inventar, de viver em sociedade e demonstar o amor, contudo, é imperfeito, cruel e assassino, é Humano.

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