terça-feira, agosto 3

sentiste?


Já alguma vez sentiste ...? Sentiste que todos te olhavam e te, realmente, viam? Sentiste que todas as músicas que ouvias falavam e soavam a ti, quer nos batimentos mais pousados e profundos, quer nas entoações mais fortes e convidativas a algo mais? O dia estava especialmente bonito e magico, embora o Sol e a ausência de nuvens rotineiros de um dia de Verão? Dentro de ti havia uma agradável e gentil voz a dizer-te que és capaz de tudo? Nesse dia tiveste vontade de mostrar a toda a gente o quão feliz te sentias? Viste o que há mais além da beleza de uma flor, a tranquilidade numa árvore, a amizade num sorriso? Fechaste os olhos e confiaste, simplesmente confiaste. Então olhas-te o medo nos olhos e disseste: -Não quero saber! Aí lembraste-te que já o tinhas sentido antes, algures no tempo. Tentaste encontrar o momento na tua memória... procuras o ano,a estação, o mês, o dia, a hora, o segundo, mas isto não te basta. Queres saber mais. Querias saber o porquê para voltar a sentir de novo. Começaste por reviver a tua vida, a parte que recordas dela... Lembraste das tuas brincadeiras inconscientes de criança, relembras momentos de inocência e desconhecimento, revives momentos de alegria como se fossem no presente, riste sozinha vivendo a alegria na tua memória, na tua mente, no teu coração... Entre as recordações encontraste, inevitavelmente, os dias em que choraste, pensaste que estava tudo mal, tinhas sido derrotado, alguém tinha levado a tua alegria, a tua confiança, esse alguém levara tudo o que havia em ti, levara os sentimentos mais preciosos que possuias, todos aqueles que partilharas com ele. Depois, deparaste-te com outra recordação... outro momento. Não o conseguiste descrever... não havia como o descrever. Pensaste que poderias retratar o que viste. Talvez podesses tentar desenhar numa folha de papel para mostrar algo táctil aos outros, mas seria inútil, eles não perceberiam aquilo que sentiste. Poderiam tocar no papel vezes e vezes,recortar as imagens que pintaste,poderiam rasgá-lo em mil folhas, mas não veriam mais além do que imagens num velho e agora esquartejado papel. Talvez, somente,uma única pessoa viesse a perceber o que sentiste... mas essa não teria tocado no papel em que desenhaste, ela teria tocado no teu coração.

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