terça-feira, agosto 3

o vento...


Eram 19h quando fui para a aula de natação. Fui bastante cedo, apesar de a aula ser só as 20h. Tinha combinado com a minha amiga às 19.30. Ainda tinha meia hora de espera, por isso fui me sentar num dos bancos juntinho ao rio. Fazia um vento friamente forte que me arrepiava o corpo, mas como ainda era longa a minha espera, permaneci com a paisagem que estava diante dos meus olhos. No rio, estavam "engenhos" que voavam... eram cheios de cor. Pareciam aves que ora voavam livres para um lado, ora voavam para o outro.
O vento insistia sobre mim, pelo que olhava por todos os lados a ver se a minha amiga já chegara, mas nada. Apenas estava lá eu no banco juntamente com o vento e as algumas pessoas que por lá passeavam mais ao longe. Vi pessoas a correr, a andar de bicicleta, crianças em estranhos carrinhos a pedal e no parque infantil, rapazes a jogar basquetebol. Tantas as pessoas que caminhavam na sua rotina ou simplesmente fugiam a ela mesma. Foi então que o vi.
Sob todo aquele vento, eu vi-o a atravessar a verdejante relva do parque. Ele vestia um casaco que o protegia daquele vento permanente e agora irritante, tinha uns calções em tons de castanho. Ele era alto, moreno e tinha cabelos que ao meu olhar pareciam lisos. Não pude ver os seus olhos, mas vi parte da sua beleza a uns inocentes quatro metros.
Ele percorreu a relva revelando a sua beleza juntamente com o mistério que proporcionava ao meu olhar. Sentou-se no banco a seguir ao meu. Ele observa o rio e o que o rodeava. Eu desviava o olhar dele por pensar que ele poderia estar a olhar para mim, com a desculpa de que a luz do Sol se impingia nos meus olhos.Olhava para o lado oposto na esperança que ele já tivesse ido embora.Mas ele ainda lá estava. Deitou-se no banco virado para o meu. Provavelmente, esperava o tempo passar ou esperava alguém... mas o tempo passou e não apareceu ninguém para ir ter com ele. Talvez ele só tenha ido sentir o vento e o rio ou ver aqueles "engenhos semelhantes a pássaros conduzidos na água por homens", ou talvez nada disto. Ele foi-se embora passados minutos que pareciam horas. Nunca saberei o porquê de ele lá estar, não saberei em quê e em quem ele estava a pensar. Talvez nunca saiba quem ele era ou sequer o seu nome. Talvez nunca mais o volte ver ou talvez seja mais fácil pensar que fora o vento que o trouxera para o meu olhar, para a minha mente e metera nos meus pensamentos. Então eu levantei-me. Virei costas ao rio e fui embora.

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