quarta-feira, maio 7

Aquilo que eu sei

- Não gosto de ti, pelo menos agora não.
- ...
- Tu sufocas-me. Contigo sinto enclausurada, fechada num elevador, sem ar e até chego a ser claustrofóbica, só porque estás comigo. Eu sei que amo. Amo à grande e à desgraçada, mas o problema é que não sei mostrá-lo. Muitas vezes não sei..., simplesmente não sei. Não consigo. Contudo, sei o suficiente para saber que não gosto de ti e que isto não é apenas uma tentativa de me autoconvencer disso mesmo. Se eu gostasse de ti, sentir-me-ia livre! Mesmo estando presa. Sei que não gosto de ti porque nunca encontro nada para falar contigo, nenhum tópico serve, nem mesmo a cultura da batata na América Latina. Se eu gostasse de ti, a minha voz podia falhar, mas as palavras continuariam a juntar-se naturalmente e com todo o sentido que têm quando é amor.  Não gosto de ti porque tens demasiada pressa. Aceleras sempre aquilo que deve ser levado devagar e tomas por adquirido aquilo que tem de ser conquistado. És preguiçoso e não sabes esperar. E, por isso, também não sabes amar. Se soubesses, amarias, amar-me-ias e saberias que quando se ama não se ama só agora, ama-se também depois.