quarta-feira, julho 24

As expectativas e o ego

Não sei porquê, mas habituamo-nos a esperar sempre mais das outras pessoas. Esperamos que elas façam as "coisas" da mesma forma que o faríamos, o que nunca acontece porque, acontece que elas não são nós e têm vontade própria (mesmo que isso nos custe a aceitar). Assim, não podemos esperar que vivam com a mesma emoção um acontecimento que não lhes diz nada e, muito menos, lhes podemos exigir que sintam por nós algo que, simplesmente, não sentem. Não é possível. Não é possível e a única coisa que ganhamos com essa eterna espera (e desespera) é uma valente desilusão.
Fartamo-nos de dizer que "somos todos diferentes" e que "os gostos não se discutem" e, no entanto, ao mesmo tempo esperamos, embora que silenciosamente, que as pessoas sejam previsíveis e, mais importante ainda, que sejam perfeitamente compatíveis connosco e com aquilo que queremos e gostamos. A verdade dura e crua é que não gostamos de ser contrariados. Ninguém gosta (nem os meus cães). Contudo, o que fazemos a seguir é que marca a verdadeira diferença entre as pessoas (e não as proporções do corpo, a forma ou cor do cabelo, olhos e pele, ou a etnia e a religião). É sobre este "após" que nos devemos debruçar. Digo mais, é nele que devemos escolher as pessoas que queremos para as nossas vidas, uma vez que é quando podemos distinguir os potenciais amigos dos inimigos.
Quando duas ou mais pessoas concordam é tudo muito simples. Demasiado simples. Difícil é, obviamente, quando se discorda. Discordar só por si não é um grande problema, até porque muitas vezes se resolve tudo com um café. O problema é quando se discorda e se faz de tudo para que aquilo que acreditamos ser certo se sobreponha aos demais. O problema é quando a meio da discordância os motivos que ali nos levaram são trocados por outros que apenas defendem egos. Os nossos próprios egos. Aquilo que no início começa a por um "acho x que é assim..." depressa se altera, implacavelmente, para um "X é assim...". E nisto, surge o problema dos problemas. É que contra o ego pouco ou nada se pode fazer. Podemos tentar, mas é um desperdício de tempo e, sobretudo, de felicidade.

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