segunda-feira, maio 6

Sem resposta

- Eu perdi-te, mas tu não me perdeste a mim. Se há coisa que aprendi contigo, foi que no amor nunca se trata do que tu és, mas sim daquilo que te podes tornar. Mas, amor, não me refiro a estatuto, poder ou dinheiro. Refiro-me à pessoa que és nos teus sonhos. Não tenhas medo de ser o que os teus sonhos te dizem que és. Afinal de contas, tu e eu não somos apenas dois nacos de carne nem tão pouco somos duas pedras. Tu e eu somos mais juntos. Fomos mais juntos. Quando te falo em amor, falo-te por amor. Quando te falo por amor, faço-o com o coração exposto no meu peito rasgado, para poderes ver que quando te falo, falo-te com e em verdade. - disse Filomena.
Seguiu-se um longo silêncio, até que Filomena se sentou no banco de madeira ao lado dele. Os dois corpos eram, agora, distanciados pelos vinte centímetros de madeira opaca e desgastada, quase tão desgastada como as palavras de Filomena.
- Quando te falo, falo-te, não para que me compreendas, mas para que ouças. Falo-te por esperança. Falo-te para poder chegar até ti. - desabafou ela, sem qualquer certeza se ele a escutaria ou sequer lhe responderia, cortando o silêncio a que ele já a habituara.
 

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