sábado, dezembro 3

Quartzo cor de rosa

Este sopro gélido vindo do divino enigma recorda-me o quartzo rosa que me foi roubado, aquele talismã de Setembro em que ainda o Sol raiva e já as primeiras folhas caíam no paralelo das nossas janelas. Lágrimas de Inverno, lágrimas de sal que escorriam e ardiam pela minha face num corpo imundo sentado junto à lareira, misturando-se pretencialmente com as chamas que dizimavam os troncos secos e secavam as gotículas daquela saudade, da revolta que traçava o meu coração.
Porque foi ela embora? Porque a levaram? Porque te levaram quartzo cor de rosa? Porque não te guardei eu numa caixinha de veludo? Porque me esqueci de te submergir em água e sal gordo para te libertar de propenciais toxinas acumuladas? Porquê? Porque tenho medo de te esquecer? Porque tenho medo de não mais guardar em mim a lembrança dos teus traços, a amplitude do teu sorriso, a sinceridade dos teus olhos? Tenho medo que te levem... assola-me que o tempo e a minha humanidade te levem outra vez, que te afastem para sempre, para todo o sempre e não me deixem mais te agarrar nos meus braços com o meu coração.
      

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