domingo, novembro 27

Crónicas de um "amo-te"

Admito, hoje, que te devia ter dito o quanto eras para mim. Agora que as feridas e mágoas repousam no leito do meu coração e que a verdade se aclara e vai-se precipitando, finalmente percebi que o que te disse não foi mais do que frases ensaiadas num contra-relógio infinito, inúmeras repetições e tentativas de dizer sempre o mais fácil. Tive medo, ainda tenho. Esta coisa de ser completamente sincera assola o mais ínfimo eu. É de mais! É como uma missão suicida. Pior! É ainda mais irracional... é como  estar em plena batalha e deixar o portão do castelo aberto e rezar aos céus para que o inimigo não entre e dizime e pilhe tudo, usufrua da virtude das mulheres e humilhe os homens. O que estou a tentar dizer é acho que te amei. Nunca te disse e, no fundo, desejo que nunca o saibas... desejava que o sentisses em algum recanto de ti, numa célula qualquer. É (era) de mais dizer "amo-te", é demasiado pesado, demasiado verdadeiro para mim, mas arrependo-me de não to ter mostrado. Acho que sou do tipo de pessoas que fica no cais à espera de conjugações perfeitas de marés e marinheiros, sem me aventurar a andar a deriva, por isso, instintivamente e inatamente, esperarei.

1 comentário:

PauloSilva disse...

Dá cá mais cinco. Sou assim também! :/