domingo, maio 29

resta algum amor

No escuro da escassa luz amarela dos candeeiros públicos, as ruas estão vazias, completamente despidas de movimento ou massas. As folhas não se arrastam pelo paralelo com o leve vento da madrugada de Maio.
O dia despediu-se da cidade, fazendo uma vénia à noite que se aproximava. 
Do movimento da cidade restam, apenas, alguns carros no parque.
No meu carro levada pela madrugada recordei a festa que tinha ido um par de horas antes. Revivi os momentos, dancei as músicas, cumprimentei as pessoas, vi os casais de enamorados, famílias e, simplesmente, amigos que passavam no passeio bem à minha frente. Vivi tudo de novo e senti de novo este vazio... o vazio que agora, já de tarde, me assombra e envolve na mais profunda das mágoas - a saudade. Na verdade, tudo, parcialmente, lembra-me de ti. Quando ainda acordada pela madrugada nos imposta pela Astronomia ou, mesmo quando, na televisão todas aquelas séries de histórias sobre esperança e finais felizes surgem como sucessões que pisam a mágoa - eu aprendi a chamar-lhe a Lei Natural das Coisas na qual por mais que faça, não faça, veja, não veja, ouça, não ouça, queira ou não queira, acontece e sobra acatar da melhor forma possível, a forma mais descodificada de dor que possa aproveitar para esconder-me de ti.

(Com o tardar das horas e sobre a agradável falta de iluminação, os meus pensamentos flutuam no decorrer da vida na cidade. Vejo as típicas árvores de parque que, absurdamente, completam os prédios e a igreja monstruosa e requintada da cidade. Os senhores da noite que após se saciarem com o pó, a bebida, a dança e a exibição da sua milionária e imensa força pela cidade.
A certeza duvidosa que me assalta é se tu te tornas-te uma das árvores do parque que assiste a tudo, sabe de todos os segredos da cidade e não diz nada ou se és mais um senhor que pensa que domina a noite e a si próprio.)

1 comentário:

CatarinaVale disse...

adoro ler o que escreves *.*
Beijinho Sarinha Continua :D
<3